A iniciativa “Um PRR para a Diabetes – A Oportunidade é Agora”, promovida pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e a Novo Nordisk, com o apoio técnico da MOAI Consulting e da consultora IASIST, apresentou, no auditório do PÚBLICO, os dados de uma análise que procurou avaliar o impacto da redução, provocada pela pandemia, do acesso aos cuidados de saúde primários e nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na gestão da diabetes.
O impacto nos Cuidados de Saúde Primários
No que diz respeito aos Cuidados de Saúde Primários, entre março e dezembro de 2020, o receio de interação com estas unidades e uma potencial limitação na capacidade de vigilância e monitorização ativa por parte destes serviços resultou num decréscimo de 23% nos valores de incidência [novos casos] de diabetes. O mesmo aconteceu com a obesidade, principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 – foram registados menos 62% de novos casos.
Por outro lado, a alocação exaustiva de recursos humanos e técnicos para responder à Covid-19 comprometeu a dinâmica assistencial em vários domínios relevantes para a prevenção de complicações na diabetes. Só no primeiro ano de pandemia foi possível verificar um decréscimo de:
- 13,5% por cento na cobertura populacional de consultas de enfermagem de vigilância da diabetes;
- 16,5% nos rastreios de retinopatia diabética;
- 19% na cobertura da consulta de pé diabético;
- 14,5% no número de pessoas com diabetes com uma gestão adequada do regime terapêutico;
Na globalidade, a proporção de pessoas com diabetes com registo de acompanhamento adequado sofreu um decréscimo de 56% no primeiro ano de pandemia, face a 2019. Conheça todos os dados apurados pelo estudo on here.
O impacto nos Hospitais do SNS
Já nos hospitais do SNS, os dados referentes ao ano de 2020, por comparação ao ano anterior, revelam que houve um decréscimo de 15% no número de doentes com diabetes, quer em internamento, quer em hospital de dia e outras formas de tratamento ambulatório, verificando-se as maiores reduções entre os períodos homólogos de abril [-40%] e maio [-25%]. Tais resultados podem ser explicados por diversos fatores como a concentração dos hospitais nos doentes com Covid-19, o receio dos doentes em procurar serviços de saúde e a política geral de confinamento.
Contudo, o peso relativo dos doentes com diabetes no contexto da atividade de internamento hospitalar aumentou em cerca de 5% no mesmo período. Admite-se que a súbita falha na resposta dos serviços de saúde poderá ter tido uma repercussão mais negativa em doentes diabéticos, provocando descompensações que motivaram a procura hospitalar.
O estudo mostra que a complexidade casuística da diabetes aumentou em 2020 cerca de 15%, o que se traduz num aumento de custos médios por doente tratado de 2.900€ [2019] para 3.300€ [2020]. Quando comparado com um “doente padrão” com alta hospitalar nos hospitais do SNS em 2020, os doentes com diagnóstico principal de diabetes apresentaram um custo médio de recursos 30% superior. Se olharmos ao tempo médio de internamento, também se registou um aumento de 2,5% para doentes com diabetes como diagnóstico principal e 3,8% nos casos em que a diabetes foi diagnóstico secundário, o que parece confirmar a maior complexidade dos doentes com diabetes.
Perante os problemas identificados por esta análise, serão discutidas as soluções e estratégias propostas por um painel de vários especialistas. O objectivo é definir um plano de acção que venha alterar o paradigma da resposta aos desafios da diabetes em Portugal.
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