Devido à transmissão generalizada na comunidade, espera-se que a pressão atual sobre os hospitais continue a aumentar.
Nas últimas semanas, temos vindo a realocar recursos para responder à covid-19. Ou seja, já ultrapassámos a nossa capacidade e entrámos na fase em que os recursos humanos e as instalações não são os ideais, são os possíveis.
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Dentro deste cenário previsível, podemos lamentar que, nos últimos meses, não fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance para treinar e captar equipas de profissionais ou não criámos condições para dispor de novas áreas de cuidados intensivos – basta verificar o que outros países próximos fizeram em poucas semanas -, nem podemos estar confortáveis com as limitações do acesso em áreas não covid-19.
Atabalhoadamente, preparar funcionários públicos ou estudantes para rastreios de contactos, ou deitar dinheiro para o setor social e privado para encontrar umas camas para a covid-19 e recuperar atividade sem definir prioridades ou estruturas de coordenação, pouco adiantará sem um plano de resposta.
Um ex-ministro da Saúde afirmou há dias que “a preguiça planeadora foi irrelevante” num contexto de mudanças diárias. Humildemente, discordo. Por um lado, dentro do limite do razoável, é obrigação de quem governa preparar-nos para o pior. Por outro, ainda existe espaço para ter a cabeça fria, antecipar, planear, coordenar e operacionalizar a resposta. Basta ouvir a razão, para além da voz do dono. Para que o que aí venha não seja mau de mais.
#Hoje é a minha crónica semanal publicada no Jornal de Notícias às quartas-feiras.
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