Os resultados da gestão da covid-19 são conhecidos. O confinamento geral de 2020 causou danos assustadores na nossa estrutura social e económica.

Não bastante, face à dureza do último ano, muitos dos mais resistentes finalmente sucumbem. Sendo certo que ainda estamos longe de imaginar todas as implicações da nova realidade. Se após o primeiro confinamento nos apressámos a decretar a impossibilidade da sua repetição, a negação do confinamento, que afinal nem tinha ocorrido, uma escola digital em cada lar ou os mais apetrechados serviços de saúde do Mundo, talvez agora nos devamos centrar no essencial: implementar medidas que evitem a necessidade de novo confinamento geral e mitigar os efeitos da quebra do acesso a cuidados de saúde.

Sempre existiu alternativa ao confinamento. Essa estratégia passa por procurar, testar e isolar. Neste ponto, o número de rastreadores de contactos é essencial. Não apenas para garantir a realização dos milhares de inquéritos epidemiológicos que ficam por cumprir, mas também para promover o isolamento e fornecer dados que nos permitam agir com conhecimento. Chegámos a outubro com menos de um rastreador para cada vinte mil habitantes. A Alemanha, em março de 2020, tinha já um para quatro mil habitantes. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, uma formação de 20 horas será suficiente para preparar um profissional para esta área. Complementarmente, é essencial aumentar e tornar acessível a capacidade de testagem, para que esta seja realizada em tempo útil e não adiada.

Um parágrafo final. Não podemos continuar a ignorar os milhares de portugueses que não têm acesso a cuidados de saúde. Como se o seu sofrimento passado e futuro fosse uma inevitabilidade. Não é! Não podemos deixar de implementar, com a colaboração de todos, programas prioritários para doentes não covid-19.

#Hoje é a minha crónica semanal publicada no Jornal de Notícias às quartas-feiras.

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